quinta-feira, 9 de setembro de 2010

VALE DO AÇU (RN)

Recebe o nome de Vale do Açu uma microrregião que pertence à mesorregião do Oeste Potiguar, no estado do Rio Grande do Norte. No ano de 2006, em um censo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população era estimada em 134.253 habitantes, possuindo uma área de 4.708,834 km², onde distribuem-se nove municípios: Assu, Alto do Rodrigues, Carnaubais, Ipanguaçu, Itajá, Jucurutu, Pendências, Porto do Mangue e São Rafael. Ainda, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNDU), em 2003, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) detinha uma média de 0,653. 
Uma forte característica regional é o benefício gerado pelas riquezas naturais ali presentes, tais como um solo fértil e recursos hídricos em abundância. Isso proporciona um desenvolvimento provocado pelo comércio em torno da fruticultura irrigada e frutas tropicais, industrialização da cerâmica, elaboração artesanal da argila comum, produção de gás natural, extração de petróleo, extração da cera da carnaúba, atividade pecuarista, avicultura e extração de determinados minerais. Todas essas atividades econômicas montam o quadro do Produto Interno Bruto (PIB) que, no ano de 2003, era de R$ 624.797.208,00.
No passado, essas terras eram ocupadas por índios da tribo Janduís, que eram nômades e pertenciam à grande nação dos Tapuias ou Cariris. O nome Janduí quer dizer, na língua tupi, ema pequena, que corresponde a uma ave de pequeno porte, de pernas longas e corredeira, muito comum nos largos campos cheio de lagoas e olhos d’água do atual estado. Os índios habitavam a ribeira do Açu e outras regiões do Nordeste, buscando a plena harmonia com o meio ambiente, retirando dele somente aquilo necessário para a sua sobrevivência, alimentando-se da caça, da pesca e da coleta de frutos, raízes, ervas e mel silvestre, cultivando a lavoura de subsistência, onde plantavam principalmente o milho, o jerimum e a mandioca.
Um documento que molda a região antiga é o relato de Jorge Marcgrave, que veio ao Brasil em 1638, em uma missão científica e, ao chegar ao país, destinou-se à região, onde fez o seguinte relato: 

"Este rio também chamado de Otshunogh, penetra, no continente , em direção ao Austro numa distância de mais de 100 milhas. A uma distancia de mais de vinte e cinco milhas do litoral, acha-se o grande lago Bajatagh, com grande quantidade de peixes. À esquerda deste, em direção ao nascente, acha-se outro chamado de Igtug, pelos indígenas, mas ninguém penetra nele, por causa dos peixes que mordem e são muito inimigos dos homem. A este fica adjacente ao vale Kuniangeya, tendo comprimento de 20 milhas e a largura de duas. Atravessa-o rio Otshunogh, abundante de peixes: aí se encontra grande abundancia de animais silvestre.”

Em seu relato, o vale Kuniangeya corresponderia ao Vale do Açu, além disso Otshunogh, Bajatagh e Igtu seriam, respectivamente, o rio Açu, a Lagoa do Piató e a Lagoa Ponta Negra, grandes depósitos de belezas naturais por onde passam turistas até hoje.
Logo em seguida, vieram os nobres com a finalidade de explorar determinadas regiões, causando modificações com a instalação de fazendas, transformando-se em povoados, distritos e, só então, em municípios. Essa parte da história, fica expressa nos relatos individuais de cada município pertencente à microrregião.