DEUS – CELSO FILHO (1886)
TERRA DE ORIGEM: ASSU/RN
Deus, dizem todos, é Omnipotente
Póde, querendo, o mundo exterminar,
E póde, se quizer, incontinente,
Outra vez, o Universo architectar!
Eu, sou homem, o ser intelligente
Cá da terra, que póde o braço armar
Para – maior que o tigre e que a serpente,
O homem – seu rival – anniquilar!
Porém Deus é maior: é soberano!
Não conhece outro Deus, outro tyrano,
Mora em cima de tudo, lá nos céos!...
Máta os filhos, sem dó nem piedade!
No entanto, todos clamam-lhe a bondade...
Ah! si eu fosse tambem como esse Deus!...
Um poema que utiliza técnicas barrocas em sua formação, utilizando a ideologia cristã sobre um Deus acima de todos os seres para criticar fortemente essa idéia hierárquica. O eu-lírico, começa com uma ironia, utilizando-se da expressão “dizem todos” para confirmar suas dúvidas sobre essa possível soberania em torno do Criador. Além disso, há ainda as comparações entre o homem com os demais seres, estes tidos como inferiores; enquanto o primeiro citado encontra-se abaixo do Deus adotado pelo cristianismo. Por fim, a critica mais forte presente no poema é na última estrofe, quando Deus é comparado com um assassino, realizando matanças dentre os homens. Quando ele utiliza desse argumento, infere que essas ideologias do senso comum em torno de um ser onipotente contrariam a ciência com as leis naturais da existência.