SER POBRE – PALMERIO FILHO (1874)
TERRA DE ORIGEM: ASSU/RN
“Ser pobre é ter a honra exposta ao corte
De calumnia mais torpe e venenosa...
Viver sem ter direito – ó dolorosa
Lei! – de amar, quem na vida lhe conforte...
Ser pobre é navegar sem luz, sem norte,
No negro mar da vida procellosa...
E’ ser humilde escravo da orgulhosa
Nobresa vã, que se presume forte!
Ser pobre é andar no mundo segregado
Dos festins da opulência, onde professa
E tem assento o rico, o potentado..
Para o pobre, reserva a dúbia sorte
Um doce lenitivo, uma promessa:
- A esperança de um céo .. depois da morte !..”
Um problema difundido pela maioria da população na época era a pobreza, onde os altos índices de miséria aumentavam o contraste entre os nobres e os trabalhadores das fazendas que geraram os povoados que se transformaram em cidades. O eu-lírico discursa lamentações sobre ser pobre citando a falta de direitos e os rótulos impostos pelas altas classes. Há ainda referências à serventia escrava dos escravos à nobreza. Enfim, o final demonstra que o trajeto de vida do pobre é similar à um purgatório, tendo como esperança encontrar um leito de descanso somente com a morte.