A UM JASMINEIRO – DEOLINDO LIMA (1885)
TERRA DE ORIGEM: ASSU/RN
“Nos teus felizes tempos, eu te via
Todo cheio de folhas e de flores,
Num anceio de amor, então, sorvia
Tuas exhalações, os teus odores.
Quando a lua do céo, alto, espargia,
Seus thezouros de luz, os seus pallores,
O teu perfil, ao meu olhar fulgia,
Lindo como o perfil dos meus amores...
Passo agora e te vejo desnudado,
Sem frondes, sem ramagens, desolado,
Pedindo orvalho para efflorescer...
Revive, jasmineiro de minha alma!
Traze nos teus perfumes branda calma
Ao coração exhausto de soffrer.
Esse poema pode expressar um momento que sucedia o problema provocado pela grande seca que passou o Nordeste nos períodos 1877-1880, onde as consequências se alastraram por muitos anos surtindo efeito no modo de vida do nordestino e na economia local. Essa crise climática pode estar implícita no jasmineiro, que não está frondoso devido a ausência de flores e frutos. Complementando ainda mais essa associação, vem o último verso da última estrofe, onde o sofrimento do povo nordestino está em evidência e só a chuva pode acabar com a seca da época, fazendo com que o jasmineiro consiga proporcionar bons frutos e gerir a economia, novamente.